No dia 15 de setembro de 2002, data em que estava sendo comemorado o “Dia de San Gennaro”, uma festa organizada pelos imigrantes italianos que fechavam com autorização da prefeitura de Belém e Igreja Anglicana, a avenida em frente à Catedral de Santa Maria, entre as avenidas Gentil Bittencourt e Conselheiro Furtado. Neste dia, chega a precursora do Bispo Saulo e família na Cidade de Belém do Pará, Miriam Barros, sua irmã que muito contribuiu apoiando o trabalho do casal na região. E no dia 16 de setembro, chegam a Belém, Revdo. Saulo Maurício de Barros, sua esposa Ruth Barros e filho, Thomas Barros. O Revdo. Saulo foi enviado pelo bispo Dom Glauco Soares de Lima, na época primaz da Igreja, para assumir o serviço pastoral na Amazônia.
Ele assumiu a paróquia de Santa Maria e logo se envolveu com o trabalho religioso e administrativo; organizou finanças; grupos de trabalhos e departamentos da igreja; realizou algumas edições do Curso Alpha, Encontro de Jovens com Cristo, e vários estudos sobre Anglicanismo. Posteriormente assumiu a função de Delegado Episcopal, com sua maneira pastoral de agir tornou as comunidades em uma igreja Unificada. Em 2006, foi criada a Diocese Anglicana da Amazônia no XXX Sínodo da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, em Curitiba, por unanimidade foi eleito o primeiro bispo desta Diocese.
Sobre o Bispo Saulo: homem ético, simples e amigo; não almejava o Episcopado, o assumiu por querer servir com amor – inspirado pelo Espírito Santo – a conduzir a tão jovem Diocese Anglicana do Brasil na Amazônia. Suas qualidades são tantas, mas uma se destaca: sua simplicidade e seu jeito bem nordestino de ser amazônida, abraçando nossa cultura, no jeito de ser paraense sem deixar de ser pernambucano. Seu Episcopado foi marcado por muitas conquistas e alegrias, promovendo e apoiando as frentes de missão em Gurupá – PA (Missão de São Pedro Pescador) e Ulianópolis – PA (Missão Divino Salvador). É um homem de Deus – não deixando de ser uma pessoa com defeitos e limitações – porém, reconhecendo-se frágil soube ser capaz de pedir perdão por suas dificuldades na missão como Diácono, Presbítero e Epíscopo.
Como anglicano, desde sua opção em fazer a caminhada seminarística, contribuiu com a educação teológica: como reverendo e bispo. Atualmente, constituiu na IEAB a Educação à Distância reunindo educadores anglicanos de várias partes do Brasil para acompanhar os educandos/as envolvendo o Centro de Estudos Anglicanos – CEA das três áreas e facilitando por meio cibernético e interativo as diferentes disciplinas para melhor formar nossa gente. Pensa a Igreja como um espaço não apenas inclusivo, mas também diverso, porém sempre respeitando os que pensam contrariamente às inovações e perspectivas de uma Igreja que está em constante reforma: agindo, assim, com bom senso e com prudência, pois a Igreja não é uma ideologia, mas uma Comunhão de diversas opiniões e maneiras de viver a fé em Jesus Cristo.
Com sua mestria teológica e histórica da Igreja Anglicana, passou conhecimentos para leigos e clero, fortalecendo a base teórico-histórico da igreja e a leitura do evangelho à luz da razão. Recebeu o Brasão de Armas de Belém, em solenidade na Câmara Municipal. Ganhou título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Huron em London/Toronto, Canadá; e através dele a cidade receberá uma escultura denominada “Jesus Sem Teto”, presente do artista canadense Timothy Schmalz, que ficará em praça pública aos cuidados da Prefeitura. Seus títulos em parte é um reconhecimento de sua contribuição na Missão de Jesus Cristo, sua marca da Missão Episcopal será o seu jeito, íntegro, humano e ético a serviço da Igreja.
Sua esposa, Ruth Barros, intensificou os trabalhos sociais: música, bordado, bijuterias, conseguiu apoio para mudar equipamentos de som em todas as comunidades e doações para pequenas reformas na comunidade de São José das Pedras; nos últimos três anos tem recebido apoio da USPG e mais recente parceria com o SADD, pequenos valores com comunidades da Inglaterra e também de sua família, para o “Curso de Formação de Educadores Populares na Amazônia”. Sua afeição à obra religiosa é notória no grupo de música da Igreja, apesar de ter perdido um pulmão, sua dedicação no louvor da catedral é desenvolvida com fidelidade e amor. Obrigada querida Ruth por sua doação plena em todas as atividades da Diocese. Sentiremos muitíssimo a sua falta.
Dom Saulo, a Igreja da Diocese Anglicana da Amazônia lhe agradece por sua dedicação, por seu amor e por seu trabalho nesses mais de quinze anos no exercício do ministério ordenado como presbítero e como bispo em nossa região. Esta mesma Igreja lhe pede desculpas por não ter lhe ajudado como deveria e não ter abraçado com paixão o mesmo que lhe inspirou em amar e abraçar os projetos que nos fora apresentado. Essa mesma Igreja também lhe perdoa, pois reconhece seus dons e seu amor por Jesus Cristo, mas sabe também de suas limitações neste ministério. Sua história, porém, é marcada por muitas luzes, pois no decorrer de seus trabalhos a centralidade sempre foi o projeto de Jesus Cristo e não seus projetos pessoais. A marca de seu ministério na Igreja Anglicana da Amazônia é reconhecida por nós e também por outras comunidades cristãs do movimento ecumênico que nesses longos anos fizeram – e fazem! – parte de nossos encontros fraternos, partilhas e lutas.
E, ainda, lembrando as palavras do Apóstolo Paulo: “Portanto, ponde-vos de pé e cingi os rins com a verdade e revesti-vos da couraça da justiça e calçai os pés com o zelo para – continuar! – a propagar o Evangelho da paz, empunhando sempre o escudo da fé, com o qual podereis extinguir os dardos inflamados do maligno. E tomai o capacete da salvação e a espada do Espírito que é a Palavra de Deus” (Efésios 6:14-17); que seu “novo jeito de caminhar” seja seguindo os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Dom Saulo, Ruth e Thomas: Muito obrigado! Que Deus lhes abençoe e os acompanhe!
Advento do Senhor 2017, na Celebração do Natal Diocesano