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Mensagem do Evangelho - Reflexão Lc 16.1-13 (Podcast)

No Evangelho do 14.º Domingo depois de Pentecostes, tirado de Lc 16.1-13, Jesus usa o seu estilo simples, usando parábolas, para chamar a atenção das pessoas para dizer coisas profundas aos seus seguidores. Ele começa a parábola dizendo: “o administrador de um homem rico foi acusado de estar desperdiçando os seus bens. Então ele o chamou e lhe perguntou: ‘Que é isso que estou ouvindo a seu respeito? Preste contas da sua administração, porque você não pode continuar sendo o administrador’” (Lc 16.1-2). Na sequência, o Mestre prossegue contando que o administrador chamou as pessoas que deviam ao seu patrão e começou a fazer uma série de descontos. Por meio desse gesto, ganhou a simpatia de muitas pessoas, garantindo assim que, após uma demissão, seria acolhido por algum daqueles que ele beneficiou. Jesus completa a narrativa dizendo que o patrão ficou admirado com a astúcia do administrador.

 

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O Senhor usa essa parábola para ensinar algo muito importante aos seus discípulos: temos que saber utilizar dos recursos que dispomos para sermos simpáticos às pessoas para ganharmos respeito e consideração. Assim diz Jesus: “usem as riquezas deste mundo ímpio para ganhar amigos, de forma que, quando ela acabar estes o recebam nas moradas eternas” (Lc 16.9)
O que são as riquezas deste mundo ímpio? Pode-se dizer que há riqueza quando há abundância de bens de um lado e escassez de outro. Logo, a riqueza pode vir a afetar uma série de bens, como os de natureza material, por exemplo, dinheiro, ouro, alimento ou água, assim como os de natureza espiritual, tais como a alegria, a fidelidade, a solidariedade. Assim, podemos ser ricos de muitas coisas, que estão em falta na vida das pessoas: paciência, compreensão, paz. Entendo que os discípulos de Jesus do primeiro século aprenderam bem essa lição, porque em Atos 2.47 encontramos que os que criam em Jesus tinham a simpatia de todo o povo. E o número dos que seguiram a Cristo aumentou.

Quando Jesus fala que devemos utilizar das riquezas deste mundo ímpio não é no sentido de sermos desonestos. Para mim o melhor termo para traduzir o que Jesus quis dizer com a palavra “mundo” é a palavra “sociedade”. Assim, trocando em miúdos, podemos dizer que vivemos numa sociedade ímpia, isto é, cheia de mentira, desonestidade e injustiça. Mas nem por isso todas as riquezas desta sociedade são pecaminosas, já que temos uma abundância de recursos naturais que nos vem da bondade de Deus. Também temos aqueles bens construídos graças à razão, como as técnicas, as vacinas, os remédios e uma série de informações relacionadas à saúde e a melhora nas relações humanas. O ensino de Jesus é no sentido de sabermos fazer uso desses bens e ferramentas, disponíveis na sociedade, para sermos bons discípulos e discípulas, capazes de conquistar a simpatia dos outros e assim edificar relacionamentos saudáveis.

Devemos ter consciência de que somos administradores de bens muito valiosos e importantes para a sociedade ímpia: o tempo e o dinheiro. O tempo é tão importante quanto o dinheiro, pois através dele se pode consumir. Consumir chega até a se tornar um mantra: compre isso, compre aquilo. Porém, o estilo de vida que é cobrado por esse tipo de  sociedade torna as pessoas mais infelizes dia após dia. Cobra que as pessoas sejam mais individualistas, levando muitas delas a conclusão de que a vida é um vazio sem sentido. Os casos de depressão, em alguns lugares do planeta, alcançou taxas elevadas, nunca vistas antes. Por isso precisamos saber bom uso  do nosso tempo.
Temos muitas qualidades espirituais que são dons divinos. O principal deles é a linguagem do amor, que permite que vivamos em harmonia com os outros, partilhando o que temos de melhor. A chave da felicidade está nas nossas interações e pelo fato de não nos deixar ser enganados pela sociedade ímpia. Ao nos comparar com o administrador, Jesus propõe que façamos oposição a essa sociedade ímpia, aliviando as pessoas dos encargos impostos por aqueles que se consideram donos do mundo, só porque tem muito dinheiro. Diz o Senhor: “você não podem servir a Deus e ao dinheiro”  (Lc 16.13).

É por isso que nesse trecho do Evangelho Jesus fala do Reino. Assim como o administrador estava prestes a ser demitido pelo seu padrão e por isso usou de astúcia para ser acolhido pelos devedores do patrão, o discípulo de Jesus deve lançar mão de sua simpatia para fazer amigos. Assim, quando a sociedade ímpia julgar o discípulo de Cristo por não compactuar com a mentira, desonestidade e injustiça, e o colocar para fora, terá quem o acolha no Reino de Deus. Quem o acolherá no Reino de Deus? Jesus, na pessoa do sedento, do faminto, do desabrigado, do injustiçado, do imigrante, do órfão e da viúva. Ele mesmo nos diz em Mt 25.34: “pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram.”

Para que nós possamos ser dignos de viver nas moradas eternas que Jesus prometeu, devemos aprimorar nossas habilidades para administrar os dons que Deus coloca a nossa disposição. A felicidade tem um nome, e se chama Reino de Deus. Liberte-se das cobranças descabidas deste mundo. Espalhe a semente do reino. Essa é a missão que Jesus nos deixou: fazer discípulas e discípulos e construímos a felicidade já aqui nessa terra.

Temos um tesouro que Deus vem entregando a nós cada vez que dizemos sim a Jesus. Dizer sim a Jesus significa dizer não ao mundo do pecado, à sociedade ímpia. Saber fazer uso dos bens que a sociedade ímpia coloca em nossas mãos para fazermos amigos de Deus, é uma forma de negarmos tal sociedade do mal. Agindo dessa forma seremos dignos de receber em totalidade esse tesouro, que é um bem muito maior, mais belo, rico e poderoso do que tudo o que a sociedade pode nos oferecer. Esse tesouro é o Reino de Deus.

Voz: Rev. Sérgio Augusto Santos da Silva