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Reflexão do 1º Domingo do Advento Ano A - 01/12/2019

Este é o 1º Domingo do Advento, que são as quatro semanas de preparação para o Natal, e no primeiro domingo, o Natal é visto como a vinda do Messias que vem para nos salvar. O foco está na vigilância. O termo grego (gregoreo) significa “fiquem atentos”. Na vinda do Messias, esperada como daquele que vem libertar Israel do jugo de Roma, podemos ver este sentido na 1ª leitura, que é de Isaías: “Deus será o juiz das nações, e sua intervenção trará a Paz aqui e agora, por isso transformarão as espadas em arados e as lanças, em foices”.

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Na época de Jesus, quando os evangelhos falam da segunda vinda do Messias, têm sentido de final dos tempos, ou fim do Mundo, da doutrina milenarista (acredita que Jesus em sua segunda vinda faria uma interferência no mundo como ruptura, trazendo uma salvação com dimensões para além da morte) como vemos na 2ª leitura que é da Carta aos Romanos: “Chegou a hora de vocês acordarem, pois o momento de sermos salvos está mais perto agora do que quando começamos a crer.” Aqui, esta intervenção traria a morte e eternidade para todas as pessoas, porém para umas de salvação e para outras de condenação.

 
A comunidade de Mateus, neste Evangelho, traz nas palavras de Jesus outra dimensão, como a vinda do FILHO DO HOMEM. Nesta, Ele não fala em um fim dos tempos para toda a humanidade, mas “dois estão trabalhando, e um será levado...” Creio que seja a morte, pois é ela que em nossa realidade vem e leva umas pessoas e deixa outras, e vem inesperadamente. Mesmo quando a pessoa está em estado grave, a morte é sempre uma surpresa. Penso também que nesta dimensão, o ponto central é o estar preparado para este inesperado encontro com seu Senhor. Ela (a morte) faz com que o mundo acabe para umas pessoas. Neste sentido, a comunidade de Mateus nos chama a estar alertas e prontos.
 
Há outra dimensão, o Natal como encarnação do divino no meio da humanidade, e nesta dimensão que é tão antiga quanto as outras, a encarnação se dá na fragilidade humana do nascimento de uma criança, na fragilidade da pobreza (dos Zés Ninguém da vida), e que contrasta com a importância para o mundo. Nessa dimensão, não há um julgamento a partir de uma intervenção que signifique o fim da humanidade, seja coletivo ou unitário. A interferência não é poderosa, ao contrário, é frágil, na história humana, onde Deus entra encarnado (como humano), sendo um no meio dos demais. Aqui os humanos são chamados a fazer a interferência divina. Não são apenas sujeitos da história, mas a palavra, os braços, e pernas do seu Deus, sendo assim a ação do divino. O problema para nós, que esta dimensão traz, é que a imagem de Deus que estamos acostumados a buscar, falar e crer, são de um Deus poderoso, grandioso, vitorioso, forte, etc... E a imagem de Deus nesta perspectiva é de um Deus frágil, fraco, que se esvaziou de tudo o que tinha de poder e assumiu nossa humanidade.
 
É preciso estar vigilantes, atentos para enxergarmos o Senhor nas pessoas que nos rodeiam. Um dos Pais da Igreja disse certa vez: Meu maior medo é que o Senhor passe por mim, e eu não o reconheça.
 
Que o Senhor venha! E que possamos reconhecê-lo!
 
Voz: Revdo. Marcos Barros