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30º Domingo Comum / Próprio 25 - 27/09/2019 (Podcast)

30º Domingo Comum / Próprio 25 - 27/09/2019 (Podcast)
Reflexão do Evangelho do dia 27/10 - Lucas 18, 9 – 14

Nesse evangelho, Jesus continua a falar da oração. E Como método para mostrar a atitude correta diante de Deus, o evangelho de Lucas continua comparando duas atitudes humanas opostas. Já vimos isso na parábola do pai misericordioso e os seus dois filhos (15, 12 ss), na história do homem rico e do pobre Lázaro (16, 19- 31), e no domingo passado, o contraponto entre um juiz indiferente à justiça e uma viúva pobre e indefesa.

Agora, os protagonistas são um homem religioso fariseus e, do outro lado, um publicano, cobrador de impostos.

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A oração que, conforme a parábola, o fariseu faz está de acordo com a tradição judaica: é a beraká, oração que consiste em bendizer e agradecer a Deus. Esse modelo de oração está em vários salmos, e no tratado das bênçãos do Talmud, encontramos várias orações semelhantes a essa do fariseu. São orações belas e profundas. De acordo com a tradição bíblica, a pessoa costuma orar de pé e de cabeça levantada, é o sinal da aliança. O orante tem com Deus uma intimidade que o faz relacionar-se assim com Ele. O próprio Jesus, de acordo com os evangelhos, algumas vezes orou desse modo, ex. Lc 10, 21- 24. No evangelho de João, a chamada oração “sacerdotal” de Jesus também é neste estilo (Jo 17).

Então, fica claro que Jesus não poderia condenar esse modo de orar que a própria Bíblia nos salmos e na tradição ensina. Portanto, o problema não está no estilo ou conteúdo da oração do fariseu. O que Jesus critica é a atitude interior que está por trás da oração. O fariseu não está mentindo, ele é mesmo diferente dos outros homens e tem toda razão de dizer que é fiel e justo. É como o filho mais velho da parábola dos dois filhos em Lc 15.

O que Jesus não aceita é a meritocracia na relação com Deus. O estilo de intimidade, de liberdade e dar graças é ótimo. O problema é que esse religioso tem uma relação com Deus baseada em seus méritos. A relação é autocentrada (eu não sou como os outros. Eu faço isso e faço aquilo). É incrível como nos evangelhos, Jesus é um profeta contra a meritocracia, e ela na Igreja de hoje confirma e justifica o clericalismo. O fariseu não era sacerdote. Era leigo, mas um leigo cujo próprio nome (fariseu) significava separado (santo).

Ao contrário, o publicano é um cobrador de impostos, odiado pelos judeus por sua colaboração com os romanos e pecador por se relacionar com pagãos e por extorquir dinheiro dos pobres. Este não ousa entrar no templo. Ora de cabeça baixa, batendo no peito e dizendo somente: “Tem piedade de mim que sou pecador” (invocação que inicia o salmo 51).  Como o Reino vem de graça e de preferência para quem precisa de perdão, o fariseu que justificava-se a si mesmo, não foi justificado por Deus, enquanto o publicano saiu perdoado e justificado.

Quanto à questão da exaltação e da humildade, talvez a religião seja, na história humana a virtude que mais tem gerado um sentimento de superioridade em relação aos outros. Por isso, a espiritualidade evangélica propõe a humildade.

A humildade vem do termo húmus e significa a pessoa ter os pés na terra, assumir sua verdade, sua realidade de criatura frágil e carente. Exatamente para crescer e viver a alegria de amar e ser amado.

Na sociedade atual, a meritocracia é um dos fatores que mais reforça as desigualdades sociais. Na religião ela abole a relação com Deus como Amor. Só o Amor e a misericórdia como princípio de vida nos salvam.

Voz: Rev. Marcos Barros