Fé, esperança e doação, são algumas das maneiras que as pessoas aqui em Belém encontraram para trazer cura e esperança para elas e seus vizinhos. Algumas criaram sua própria maneira de lidar com esta pandemia (COVID19) sem abalar sua própria estrutura mental, física e religiosa. Não perderam o ethos que envolve a capacidade da partilha.
Entre essas pessoas há também aquelas que estão perdendo o pouco que tinham e agora estão em profunda necessidade. A maioria mantém suas famílias por meio “economia informal”, fazem o que podem para ganhar algum dinheiro, são eles: autônomos, diaristas, vendedores ambulantes, músicos de bares, professores particulares, empregadas domésticas, etc. Eles/elas estão passando fome neste momento. E nós que carregamos um nome CRISTÃO, temos mais responsabilidades de exercer esta partilha.
No dia 04 de junho, assisti o jornal local e vi a reportagem de um senhor que dizia ter recebido o auxílio emergencial de R$600,00 e com isto conseguiu pagar algumas contas, comprar comida e ajudar o seu vizinho que estava precisando tanto quanto ele e não conseguiu receber o auxílio do Governo. A empatia das pessoas neste momento tem sido fonte de esperança crucial para muitos. Vejam que o valor não é muito, mas que ainda assim, pode ser dividido. Isto é transformador, estamos vivendo a multiplicação dos pães e dos peixes em um novo momento, doar o pouco que se tem é uma lição de humanidade, de desapego e solidariedade.
Quando meu filho era criança, costumava assistir um desenho que dizia na animação musical: “Eu uso o necessário somente o necessário, o extraordinário é demais. Eu digo necessário somente o necessário, por isso é que essa vida eu vivo em paz”. E nesta pandemia vamos aprendendo melhor como os milagres de Cristo aconteceram, sem pensar que eram coisas extraordinárias do tipo impensável aos olhos humanos, mas de forma milagrosa porque pessoas resolveram partilhar tudo o que tinham, porque seus corações foram tocados pelas necessidades de outros. Colocar-se no lugar de outra pessoa é o que Jesus espera de nós. Ter apenas o que nos precisamos ajuda a transformar a vida de outras pessoas!
Nossa Igreja na Amazônia, têm recebido ajuda da Diocese de Huron (Canadá), da Trinity (EUA) e da Secretaria Geral da IEAB, somando esforços para enviarmos alimentos aos indígenas do Amazonas, e às outras pessoas que necessitam de alimentos para se manterem em casa durante a pandemia. Tendo em vista que em nossa região, mais de 158 mil foram infectados e mais de seis mil pessoas morreram de COVID19. Isto é de partir o coração!
A nossa Diocese como um todo tem seguido as orientações da Câmara Episcopal da IEAB que sempre escuta as orientações dos profissionais de saúde em manter o máximo possível o isolamento social. Somente no momento em que é necessário sair, nós da secretaria nos unimos ao clero da igreja para distribuição dos alimentos.
Esse momento é uma experiência dolorosa, as pessoas estão com fome, recebem as cestas com sorriso e olhar de gratidão, quando se aproximam percebo que sentem vontade de nos abraçar em resposta de agradecimento. Já voltei para casa chorando dessas entregas e me perguntando “é tão pouco isso, porque elas não têm direito ao básico da vida?” Enfim, são perguntas que há muitas respostas. Vamos nos manter em oração.
Joseane Paula
Secretária da Diocese Anglicana da Amazônia.
Also published by Huron News em 21/07/2020.
<<< English Version >>>
Pandemic in Amazonia: bread and fish multiplied