Momento Orante
17º Domingo depois de Pentecostes - 05/10/2019 (Podcast)
(São Lucas 17:5-10), em 06/10/2019
Queridos irmãos e queridas irmãs, o trecho do Santo Evangelho deste domingo, possui duas diferentes partes: A primeira parte começa com um pedido dos apóstolos a Jesus – “Senhor, aumenta a nossa fé”. Mas como é possível aumentar a fé? A pessoa acredita ou não acredita. Não pode haver alguém mais ou menos com fé, não é mesmo? Costumamos pensar que a fé consiste na adesão a um elenco de verdades/doutrinas – então neste caso a fé não pode ser nem grande, nem pequena, porque ou ela existe ou não existe; Não é esta porém a fé que Jesus pede aos apóstolos – a fé que Jesus exige envolve uma escolha concreta – a de seguir o mestre, ou seja, a fé da qual fala Jesus é uma caminhada;
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E sendo uma caminhada pode ser mais ou menos rápida, pode ser até mesmo interrompida, alguém pode se sentir cansado e parar, alguém pode não ter coragem para tomar certas decisões, renunciar a determinadas coisas, assumir determinadas atitudes... enfim...
Portanto o que os apóstolos estão pedindo a Jesus é que ele lhes conceda mais firmeza na decisão de segui-lo – Jesus havia lhes assinalado uma caminhada difícil, afirmado que teriam de estar dispostos a deixar para traz seus familiares, renunciar aos seus bens, não poderiam olhar para trás e deveriam perdoar sem limites; Como seria possível não sentir medo diante de tais exigências?
Os apóstolos percebem que estão vacilando, sentem-se tentados a voltar atrás; Por se aproximam de Jesus com o pedido: “aumenta a nossa fé”, mas ao invés de atende-los Cristo passa a descrever as maravilhas que a fé pode produzir:
Na segunda parte do Evangelho nos deparamos com uma parábola que causa até certa perplexidade: Jesus conta que após uma dura jornada de trabalho sob um sol escaldante, um empregado chega em casa esgotado; O patrão ao invés de deixá-lo descansar e alimentar-se, trata-o asperamente: Vamos – lhe diz – depressa! Prepara-me a ceia, cinge-te e me serve, enquanto como e bebo; Se patrão é Deus e os servos somos nós, temos motivos para ficar preocupados, será que no fim da nossa lida, no fim da nossa vida Deus nos tratará desta maneira?
Queridos irmãos e irmãs com a parábola deste domingo Jesus não desejou causar medo aos apóstolos, o que ele quis foi desfazer na cabeça deles a imagem utilitarista de Deus; Eles pensavam, como também nós muitas vezes pensamos, que a fé é uma espécie de bilhete premiado, que a fé é a chave para obrigar Deus a satisfazer nossos desejos e caprichos;
Jesus quer mostrar que a fé não é um recurso para conseguirmos milagres, assim como a fidelidade a Deus não está diretamente ligada a recompensas;
Porque nossa fé e fidelidade não podem ser usadas como forma de acumular méritos diante de Deus, como se Deus tivesse uma caderneta para apontar nosso comportamento e a cada bom comportamento correspondesse uma recompensa.
Mas muitas vezes continuamos tentando medir a presença de Deus e nossas vidas baseados tão somente nas recompensas;
Por isso precisamos nos questionar seriamente – como está a nossa fé? – Acreditamos que por nosso bom comportamento estamos galgando compensações? Se isso está acontecendo em nossas vidas necessitamos compreender que nossa fé não é moeda de troca, nossa fé é resposta – porque Cristo já nos deu tudo, inclusive doou sua vida por nós. E ele nos disse: “em verdade vos digo – se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostrada, direis a este sicômoro: passa daqui e lança-te no mar, e ele obedecerá.” Mas da mesma maneira disse também: ao final de tua lida dirás “sou um servo inútil, fiz apenas o que devia ser feito”.
A fé é a escolha concreta, firme e radical de seguir a Cristo, e conduz a um compromisso de vida; A fé é o passo inicial para o milagre – não o contrário;
Hoje queridos irmãos e irmãs somos chamados a experimentar a presença miraculosa de Deus através da nossa fé para que nossas vidas não sejam apenas compostas pelo que é possível, mas sim de milagres. Que nossa fé nos leve a desarraigar sicômoros nas nossas vidas e nas vidas de quem nos cerca; Que assim seja.
Amém.
Voz: Bispa Marinez Bassotto