Como é do conhecimento de todas as pessoas da Diocese Anglicana da Amazônia, eu solicitei minha resignação como bispo diocesano já faz algum tempo. Essa foi uma decisão difícil, mas pensada conjuntamente com a família, com muita oração e confiança de que Deus tem sempre uma novidade positiva reservada para aqueles que seguem seus caminhos.
Então, apesar do carinhoso convite para que ficássemos, já não sou o bispo diocesano desde o começo de dezembro. Ruth continua suas atividades normais até o final do mês. Thomas concluiu o ensino médio e está pronto para trilhar novos caminhos.
A Escritura insiste na necessidade de renovação das lideranças do povo de Deus. A narrativa do Êxodo é um bom exemplo disso. A imagem dos hebreus vagando pelo deserto durante 40 anos tem a ver simbolicamente com a mudança de mentalidade do povo e a consolidação de novas lideranças para ocupar a terra onde “mana leite e mel”(Deuteronômio 26:9). É preciso mudar para que o povo de Deus siga em frente…
Nunca pensei meu episcopado na região como algo para toda vida, como um monarca a ocupar um trono, mas como serviço e obediência ao chamado de Deus. Tenho sempre em mente as palavras do profeta Amós para Amazias: “Eu não sou profeta, nem discípulo de profeta, mas boieiro e colhedor de sicômoros.Mas o Senhor me tirou de após o gado e o SENHOR me disse: Vai e profetiza ao meu povo de Israel”(Amós 7:14-15).
Agradeço a Deus pelo privilégio e pelos desafios do episcopado na Amazônia. Tenho apenas a certeza de que, apesar de ter tentado com todas as minhas forças, meu ministério não correspondeu aquilo que deveria ser. Afinal, como nos ensina os evangelhos, mesmo quando fizermos tudo que nos foi ordenado devemos ter a consciência de que “somos servos inúteis e apenas cumprimos o nosso dever” (Lucas 17:10).
O mais importante destes quinze anos, sempre ressalto isso, foi a convivência com as pessoas aqui na região. Gente que agora é parte da nossa família estendida. Sem dúvida, um grande presente de Deus. Levaremos vocês sempre conosco, nossa bagagem agora é maior! Tanto pessoas das comunidades anglicanas, quanto parceiros do ecumenismo, do movimento inter-religioso e colaboradores com as quais tivemos uma gostosa convivência.
O Bispo Primaz, Dom Francisco de Assis Silva, será o pastor da diocese, e o Revdo. Deão Cláudio Miranda, como presidente do Conselho Diocesano, será o administrador diocesano, até a escolha do próximo bispo ou bispa. Como nos ensina São Paulo: “Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que plantaé alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (1 Coríntios 3:6-7).
Que a Diocese Anglicana da Amazônia possa crescer no conhecimento do Nosso Senhor Jesus Cristo e em número de pessoas comprometidas com a construção de um mundo mais fraterno.
Em meu nome e em nome da minha família, muito obrigado por tudo!
+Saulo Barros
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